10 coisas para fazer em Alfama

Deixe-se cativar pelos recantos do bairro mais antigo da cidade

Matteo Gramegna

Matteo Gramegna

leitura de 9 minutos

10 coisas para fazer em Alfama

Vista de Alfama, Lisboa | ©Filiz Elaerts

Ruas íngremes, miradouros, casas em tons pastel, elétricos e as melodias do fado: Alfama é uma Lisboa em miniatura e explorá-la significa entrar numa zona muito autêntica. Continue a ler e descubra o que ver e fazer nesta zona da capital portuguesa

1. Escolha um tour guiado

Cruzeiro pelo Tejo| ©wolli s
Cruzeiro pelo Tejo| ©wolli s

Uma boa maneira de conhecer Alfama é através de um tour guiado. Descobrirá o bairro mais antigo da capital portuguesa com um guia experiente que o levará aos principais pontos turísticos da zona. Estas excursões urbanas por Lisboa duram normalmente entre duas e três horas e passam pelos pontos emblemáticos do bairro: a Catedral, os miradouros e o Castelo de São Jorge. Os passeios podem ser realizados em português e estão disponíveis tanto pela manhã como à tarde. Normalmente, partem de um local do bairro ou da central Praça do Comércio, na Baixa. Quanto ao preço, ronda os 15 €.

Se tem pouco tempo, esta é a melhor opção. Os guias conhecem os atalhos e as atrações históricas mais interessantes.

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2. Suba à fortaleza de Alfama

O Castelo de São Jorge| ©Heribert Bechen
O Castelo de São Jorge| ©Heribert Bechen

O Castelo de São Jorge domina a capital do alto de uma colina. A sua fundação remonta ao século VIII, quando os muçulmanos controlavam grande parte de Portugal. Naquela época, Lisboa era conhecida como al-Ushbuna e era um importante centro administrativo e comercial. Infelizmente, entre os séculos XVI e XVIII, entrou em decadência devido aos numerosos terramotos que assolaram o país.

As reestruturações realizadas entre 1938 e 1944 e na década de 1990 devolveram ao castelo parte da sua antiga glória. Hoje em dia, é um dos monumentos mais visitados da cidade e a sua principal atração é a vista incomparável sobre Lisboa e o rio Tejo. Tire algumas fotos e continue o seu passeio até ao Castillejo (a antiga fortaleza muçulmana), a Torre del Homenaje (Torre de Menagem, a maior e onde era hasteada a bandeira real) e a câmara escura, um sistema de lentes e espelhos que permite ver a cidade em 360º e em tempo real.

Por estar localizado no topo de uma colina, terá de subir a Rua de Santa Cruz do Castelo, uma rua que leva até à entrada da fortaleza.

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3. Entre numa antiga igreja convertida em mausoléu

Panteão Nacional de Lisboa| ©Deensel
Panteão Nacional de Lisboa| ©Deensel

A silhueta branca do Panteão Nacional de Lisboa destaca-se dos telhados de Alfama. Do exterior, a entrada monumental e a grande cúpula lembram uma igreja e, de facto, essa era a sua utilização original. No final do século XVII, a infanta Maria de Portugal ordenou a construção de um templo para albergar as relíquias de Santa Engrácia, mas, menos de um século depois, uma tempestade elétrica destruiu-o. No século XIX, a Revolução Liberal trouxe consigo a República, que designou este local como o mais adequado para albergar os túmulos dos portugueses ilustres.

No seu interior repousam personalidades como Pedro Álvares Cabral, a dama do fado Amália Rodrigues ou Eusébio, a lenda do futebol português. Outra atração do Panteão Nacional é o seu grande terraço panorâmico com vista para o bairro de Alfama. O monumento está aberto de terça a domingo (das 10h às 18h no verão e das 10h às 17h no inverno) e a entrada custa cerca de 4 €.

Se gosta de arquitetura religiosa, a cerca de cinco minutos a pé do Panteão encontra-se a Igreja e Mosteiro de São Vicente de Fora. O templo foi reformado no século XVI, segundo o projeto do arquiteto italiano Filippo Terzi.

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Visite a Casa dos Bicos e mergulhe nas obras de Saramago

4. Visite a Casa dos Bicos e mergulhe nas obras de Saramago

Casa dos Bicos| ©Jake Setlak
Casa dos Bicos| ©Jake Setlak

A Casa dos Bicos foi construída em 1523 por Brás de Albuquerque, filho do vice-rei da Índia Afonso de Albuquerque. O nobre português viajou para Itália e ficou impressionado com a arquitetura renascentista. Ao regressar a Portugal, mandou construir uma residência que se caracteriza pelos picos da fachada e pelas formas irregulares das portas e janelas.

Segundo os entendidos, está inspirada no Palácio dos Diamantes de Ferrara. O edifício fica na Rua dos Bacalhoeiros, 14, e o nome desta rua dá-nos uma pista. No século XX, a Casa dos Bicos perdeu a sua função residencial e tornou-se um armazém de bacalhau.

Atualmente, é a sede da Fundação José Saramago e alberga uma exposição permanente intitulada «A Semente dos Frutos». A coleção inclui livros, manuscritos originais, fotografias e outros documentos ligados ou que pertenceram ao escritor. O museu está aberto de segunda a sábado, das 10h às 18h.

Se gosta de arqueologia, no piso térreo da Casa dos Bicos encontra uma série de estruturas antigas: uma parte da muralha fernandina, tanques da época romana destinados à conservação de peixe e vestígios da cerca islâmica.

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5. Desfrute da vista panorâmica

O miradouro de Portas do Sol| ©Vitor Oliveira
O miradouro de Portas do Sol| ©Vitor Oliveira

Lisboa é uma cidade de encostas, colinas e esplanadas. Nenhuma visita pode ser completa sem uma paragem nos miradouros espalhados pela geografia da capital. No bairro de Alfama, os miradouros mais bonitos e famosos são essencialmente dois:

  • Mirador Portas do Sol (Largo Portas do Sol), um balcão com vista para a Igreja de São Vicente de Fora, a zona histórica e as águas do Tejo. É possivelmente o melhor miradouro da cidade. O famoso elétrico 28 passa por aqui, razão pela qual é bastante frequentado por turistas. Mesmo assim, vale a pena aproximar-se para apreciar a vista e ouvir os músicos de rua.
  • A pouca distância, encontrará também o Mirador de Santa Luzia (Largo Santa Luzia). O miradouro é composto por dois andares e está decorado com um telhado coberto por buganvílias, colunas e azulejos. Daqui, avistam-se as igrejas de São Miguel e Santo Estêvão, a cúpula do Panteão Nacional e o bairro de Alfama. O local é frequentado por pintores e artesãos que vendem os seus produtos.

A dica de Mateo

Se estiver hospedado nas proximidades do Mirador Portas do Sol e não se importar de acordar cedo, recomendo visitar o miradouro logo pela manhã. É o melhor local para ver o nascer do sol.

6. Experimente as iguarias lusas

Comer na Cervejaria Ramiro| ©Betty L
Comer na Cervejaria Ramiro| ©Betty L

Depois de um longo passeio, é preciso recuperar as forças e sentar-se um pouco para comer. Em Alfama não faltam opções, pois as suas ruas estreitas escondem estabelecimentos que oferecem receitas tradicionais a preços acessíveis. Continue a ler e descubra onde vale a pena parar sem gastar muito:

  • Cervejaria Ramiro, um clássico do bairro. Apesar do nome, é um dos melhores restaurantes de peixe e marisco da cidade. (Avenida Almirante Reis 1)
  • Le Petit Café, um restaurante a meio caminho entre a catedral e o castelo. O seu menu oferece uma ampla seleção de peixe. Se quiseres provar a sua especialidade, recomendo pedir um prato à base de polvo. (Largo São Martinho)
  • O Beco, um estabelecimento conhecido pelo seu bacalhau à Brás. Sente-se nas suas mesas e desfrute das porções generosas (Beco do Espírito Santo 9)
  • Almargem, uma taberna simples e barata a dois passos da catedral. (Travessa do Almargem, 4)

Se procura um restaurante vegetariano, o Princesa do Castelo (Rua do Salvador 64A) serve pratos veganos, vegetarianos e macrobióticos. Outra opção é o The Food Temple, na rua Beco do Jasmim 18.

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7. Procure uma lembrança diferente

Mercado no Campo de Santa Clara| ©Andrea Mann
Mercado no Campo de Santa Clara| ©Andrea Mann

Todas as terças e sábados, o Campo de Santa Clara acolhe o mercado de pulgas mais típico da cidade: a Feira da Ladra. Como pode imaginar, no passado era o local onde se vendiam objetos roubados, enquanto hoje em dia acolhe um bom número de vendedores e artesãos locais. Aqui poderá comprar roupa nova e usada, vinis, livros em segunda mão, cerâmicas, bijutaria, azulejos, câmaras fotográficas antigas e muito mais. Vale a pena passear entre as bancas para adquirir uma lembrança original. A origem da Feira da Ladra remonta à Idade Média e é um ponto obrigatório na capital portuguesa.

Depois de fazer compras, pode descansar um pouco no Jardim Botto Machado, uma área verde muito apreciada pelos lisboetas. Nesse local, encontra-se o Clara Clara, um café com esplanada à sombra de uma árvore de hibisco.

8. Experimente os famosos pastéis de Belém em Santo António

Pastéis de Belém| ©André Luís
Pastéis de Belém| ©André Luís

A história dos pastéis de nata está ligada à história de Lisboa. Tudo começou em 1820, o ano da Revolução Liberal. Nesse ano, os burgueses descontentes com a situação do país obrigaram o rei a regressar a Portugal e a devolver o Brasil ao estatuto de colónia. Nesta situação conturbada, as ordens religiosas começaram a sofrer muitos encerramentos e os frades do Mosteiro dos Jerónimos (entre outros) deixaram de receber fundos. Para amenizar a crise, os monges começaram a vender doces à base de gemas de ovos fora do local sagrado.

Esses doces fizeram tanto sucesso que a receita original foi adquirida em 1837 pela Fábrica de Pastéis de Belém, um dos estabelecimentos mais conhecidos da capital portuguesa.

No entanto, a melhor pastelaria fica no bairro de Alfama. A Pastelaria Santo António parece ter encontrado a fórmula perfeita para misturar leite, açúcar, baunilha e gemas de ovo. A pastelaria ganhou o concurso para o melhor pastel de nata de Lisboa em 2019, promovido pelo festival gastronómico Peixe em Lisboa.

A dica de Mateo

Os pastéis de Belém são um presente perfeito para familiares e amigos. Se viajar perto do Natal, também pode voltar para casa com um bolo rainha, o bolo de reis português. Na famosa Confeitaria Nacional encontrará uma vasta variedade de doces típicos.

9. Apanhe o elétrico 28

Eléctrico 28| ©Vesela Vackavikova
Eléctrico 28| ©Vesela Vackavikova

Além do passeio gratuito, outra maneira de conhecer o bairro é através do bonde 28. Para pegar este meio de transporte, você deve se dirigir à Praça Martim Moniz, uma praça da Baixa. Depois de deixar a parte plana da cidade, o bonde sobe as ruas íngremes da capital e passa pelos principais monumentos de Alfama: a catedral, os miradouros e o castelo. O percurso termina na estação de Campo Ourique, no Bairro Alto. Quanto à duração, pode variar dependendo da hora e do trânsito. Normalmente, o percurso completo dura cerca de 50 minutos.

O bilhete simples custa cerca de 2,90 €. Se pretendes apanhá-lo mais do que uma vez, recomendo que escolhas um bilhete diário, que custa aproximadamente 6,15 €. Em qualquer caso, tenha cuidado. Por ser frequentado por turistas, poderá cruzar-se com algum carteirista.

10. Termine o passeio numa taberna de fado

Entrada do Parreirinha de Alfama| ©janblan
Entrada do Parreirinha de Alfama| ©janblan

Alfama é um dos bairros mais antigos de Lisboa. Aqui vivem os autênticos lisboetas e as suas ruelas são o local preferido para ouvir fado. Alguns acreditam que o género deriva dos cantos melancólicos dos muçulmanos após a reconquista cristã, outros consideram que provém da influência da música brasileira. O que é certo é que o fado é sinónimo de Portugal e os melhores bares que o oferecem encontram-se em Alfama.

Um deles é o Parreirinha de Alfama (Beco do Espírito Santo 1), um estabelecimento que deve a sua fortuna a Argentina Santos, uma das cantoras mais talentosas da sua época. Nos anos 50, a artista colocou este bar no mapa graças às suas lendárias interpretações e às colaborações com cantores do calibre de Berta Cardoso, Alfredo Marceneiro e Celeste Rodrigues.

Outro bar com uma grande tradição e um bom número de críticas positivas é o Clube de Fado (Rua S. João Praça 86), um local histórico a dois passos da Catedral de Lisboa. Para uma experiência ainda mais autêntica, pode optar pelo A viela do Fado, um local minúsculo na Rua dos Remédios 111. Se quiser comer enquanto desfruta de música ao vivo, recomendo que leia o post Jantar com Fado em Lisboa: as melhores opções.

Tenha cuidado com os pequenos petiscos que os empregados servem. Não estão incluídos no preço e são cobrados à parte.

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